Não sei sentir em doses homeopáticas

"Hoje acordei inteira. Migalhas? Pedaços? Não, obrigada.


Não gosto de nada que seja metade...


Não gosto de meio termo. Gosto dos extremos. Gosto do frio. Gosto do quente. 
Gosto dos dedinhos dos pés congelados ou do calor que me faz suar o cabelo. 

Não gosto do morno. Não gosto de temperatura-ambiente. Na verdade eu quero tudo. Ou quero nada. Por favor, nada de pouco quando o mundo é meu. Não sei sentir em doses homeopáticas. 

Sempre fui daquelas que falam "eu te amo" primeiro. Sempre fui daquelas que vão embora sem olhar pra trás. Sempre dei a cara à tapa. Sempre preferi o certo ao duvidoso. 


Quero que se alguém estiver comigo, que esteja.

Mesmo que seja só naquele momento. Mesmo que mude de ideia no dia seguinte."

O budismo e as religiões afro-brasileiras





... o diálogo não enfraquece a fé, mas a disponibiliza para encontros que desvelam novas e mais profundas dimensões de sua realização.” 

(Faustino Teixeira)




Abrir caminhos para um diálogo horizontal entre o budismo e outras religiões (especificamente, as religiões afro-brasileiras) é o objetivo desta matéria. Nela, o teólogo Luiz Vieira Marques expõe o assunto buscando propiciar a todos o respeito e a convivência sadia, livre de posições preconceituosas em relação às pessoas que pensam diferente de outras ou seguem caminhos de espiritualidade distintos. Luiz Vieira Marques – Filósofo formado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais com licenciatura plena; sociólogo formado pela Universidade Federal de Minas Gerais com especialização em Sociologia Urbana (FGVIBAM); advogado formado pela Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce com especializações em Direito Público e Tributário (CAD/UGF); mestrando em Letras na PUC-MG/Unileste-MG; jornalista e integrante do Núcleo de Estudo de Religiões do Departamento de Cientistas da Coordenadoria Cultural da BSGI.


A forte presença das religiões afro-brasileiras

Assim como a cultura indígena, a cultura africana está dentro de nós, brasileiros. Está misturada ao nosso sangue. Circula por nossas veias. Está presente na formação da nossa subjetividade, do nosso eu, nas artes plásticas, na música, na espiritualidade, na produção de alimentos, enfim, em todos os nossos hábitos, costumes e crenças. Quer ainda marcadas pela sincretização com o catolicismo, quer contaminadas pelo “branqueamento”, as religiões afro-brasileiras, muitas vezes reafricanizadas, encontram-se espalhadas pelo Brasil, assumindo caráter de religião universal.
Nesse sentido, podemos citar o candomblé de caboclo e de egum da Bahia (recentemente, com presença marcante em São Paulo); o xangô de Pernambuco e Alagoas; o tambor-de-mina do Maranhão e Pará; o batuque do Rio Grande do Sul; a macumba do Rio de Janeiro; a umbanda, espalhada em todo o território nacional; além de outras — o catimbó, a jurema, a pajelança, que apresentam fortes elementos indígenas e aparecem no Norte, de modo mais expressivo, no Amazonas.
Esta presencialidade das religiões afro-brasileiras em todos os recantos destas “Terras de Santa Cruz” impõe-nos, como seguidores de um outro caminho de espiritualidade, o do Budismo Nitiren, a necessidade de conhecê-las, pelo menos elementarmente. Dessa forma, na convivência com seus membros, adeptos ou fiéis, nossa compaixão com eles não esbarrará nos limites do histórico preconceito a que nos acostumamos ver em razão do sistema escravocrata que tantas cicatrizes deixou no nosso povo. A sobrevivência, a consolidação e a expansão das religiões afro-brasileiras são a expressão da resistência e da vitória do povo escravizado contra seus opressores. Não ocorreu gratuitamente, fácil, sem luta. Do pujante e vigoroso candomblé da Bahia à pajelança do Amazonas e Piauí, as religiões afro-brasileiras carregam manifestações do sofrimento de um povo heróico, como é o povo negro, que, mesmo sob a opressão, soube preservar suas milenares tradições.

O diálogo possível entre duas distintas visões de mundo


Por ocasião do Encontro Nacional de Representantes de Divisão, em Tóquio, no dia 31 de maio de 2007, Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), na presença de ilustres personalidades acadêmicas russas, revisitando Leon Tolstoi, um dos seus escritores preferidos, reafirma sua convicção de que “o diálogo é a única forma de construir a paz”.
Em 2001, na proposta de paz encaminhada às Nações Unidas, Ikeda enfatiza: “O diálogo tem o poder de restaurar e reflorescer nossa humanidade comum ao liberar nossa capacidade inata para o bem. É um ímã indispensável em torno do qual as pessoas se aproximam e a confiança é fortalecida. Foi o fracasso em tornar o diálogo a base da sociedade humana que produziu as amargas tragédias do século XX”.
Como grande pensador, Ikeda é dos que conseguem relacionar tudo a uma visão unitária e coerente, que funciona como um princípio organizador básico do que pensam e percebem. Em vários dos seus discursos, alinha-se com aqueles que acreditam que as tradições religiosas “guardam um patrimônio único de reverência e respeito pelo mistério da existência e o dom da vida”. Além disso, ele entende que “as religiões podem contribuir para o fortalecimento da solidariedade, do cuidado, da cortesia e da hospitalidade” — valores substituídos pelo egoísmo, pela nefasta competitividade, pela perversa corrida na busca do ter, do poder e do valer.

Do lado de cá do planeta, o emérito professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Dr. Faustino Teixeira, em entrevista sobre a importância do diálogo inter-religioso, afirma: “O diálogo surge como potente voz em favor de todo o criado: dialogar para não morrer e não deixar morrer”. E acrescenta: “Outra fundamental dimensão do diálogo que se processa no encontro da experiência religiosa é o momento sublime em que se partilham as experiências de oração, fé e contemplação, na busca singular do Mistério sempre maior. Os que partilham semelhante experiência ‘não se detêm diante das diferenças’, pois estão animados por um propósito mais decisivo, o de promover e preservar os valores e ideais espirituais mais profundos do ser humano”.
A palavra de ordem do mundo atual, se quisermos, realmente, construir a paz, é substituir a ética do êxito ou das convicções por uma ética de responsabilidade. Isso redireciona o comportamento das religiões, que se encontram num processo de nova reflexão sobre o humano.

Hans Kung, renomado teólogo e filósofo contemporâneo, aponta dois critérios utilizados atualmente para se avaliar uma religião: o positivo e o negativo. Sob a perspectiva do critério positivo, uma religião é verdadeira e boa quando está a serviço da humanidade, no ato de fomentar a identidade, a sensibilidade e os valores humanos, para permitir ao indivíduo a oportunidade de alcançar uma existência rica e plena. Ou seja, precisa garantir o desenvolvimento humano em dimensões psicofísica e individual-social (vida, integridade, liberdade, justiça, paz). O contrário disso (critério negativo) ocorre quando se observa a falsidade e malevolência de uma religião, que provoca desumanidade ao ignorar a identidade, a sensibilidade e os valores humanos. É uma religião que priva o indivíduo de uma existência rica e plena, oprime, fere e destrói os homens em sua dimensão humana psicofísica e individual-social.

Espiritualidade, mística e religião

Falar sobre religiões afro-brasileiras, sob o ângulo da mística comparada, requer que se tenham claros os conceitos de espiritualidade mística e religião. Buscaremos um caminho que leve à reflexão acerca desses conceitos, assinalando pontos convergentes e divergentes em relação à mística do Budismo Nitiren e das religiões afro-brasileiras.
Não cabe discutir instituições, organizações religiosas, associações civis, estruturas burocráticas e de poder, sedes, templos e terreiros. Essas são apenas estruturas instrumentais, são meios necessários, indispensáveis para que se concretizem os ideais professados pelas religiões; são a materialização de intenções. O que, na realidade, importa é o coração das pessoas. É aí que reside a espiritualidade. É no coração que se encontra a mística.

Espiritualidade

Espiritualidade convém definirmos no contexto da nossa cultura, dos dramas que estamos vivendo em termos mundiais. O professor e doutor em teologia e filosofia, Leonardo Boff, afirma: “Espiritualidade é aquilo que produz no ser humano uma mudança interior”. É um caminho de transformação. E acrescenta: “A espiritualidade vive da gratuidade e da disponibilidade, vive da capacidade de enternecimento e de compaixão, vive da honradez em face da realidade e da escuta da mensagem que vem permanentemente desta realidade. Quebra a relação de posse das coisas para estabelecer uma relação de comunhão com as coisas”.
A espiritualidade é uma dimensão do ser humano. Não é monopólio de nenhuma religião. Nem depende de religião alguma. Embora a religião seja o seu lugar natural.
Diversas pessoas não se filiam a nenhum tipo de religião e, mesmo assim, possuem ou são ricas de espiritualidade.
Enquanto outras, muitas vezes, dirigentes de organizações religiosas, padres, pastores, líderes de instituições, levam uma vida que não pode ser exemplo. Ainda que afirmem professar uma religião, não comprovam sua crença na vida diária. Ao contrário, mesmo exercendo funções de direção na instituição religiosa de que se dizem seguidores, contribuem para maculá-la com suas atitudes nas relações de convivência com os outros. E o mais grave, não aceitam mudar. Negam transformar-se. A postura ético-moral, na sociedade, deixa a desejar, sobretudo em questões afetivas. Na família, é uma desavença só. Esposa reclama do esposo; esposo menospreza, briga e subjuga a esposa; filhos discutem desrespeitosamente com os pais; na vizinhança, ninguém gosta; na organização religiosa, essas pessoas são autoritárias, briguentas, desmerecem a confiança de todos, alimentam-se de competir, disputar cargos, obter prestígio perante os dirigentes hierarquicamente superiores. É um verdadeiro vale-tudo. O que menos demonstram é magnanimidade, benevolência, bondade, amizade, ternura, carinho. Essa falta de espiritualidade impede a harmonia não apenas na vida dessas pessoas como em todo o ambiente que as cerca.

Mística

Mística, seguindo a linha de pensamento de Leonardo Boff, é uma dimensão do ser humano. É o que dá impulso à vida, alimenta as energias vitais para além do princípio do interesse, dos fracassos e sucessos. Tanto a espiritualidade como a mística pertencem à vida, em sua integralidade e sacralidade.

Para Boff, “a mística é a própria vida tomada em sua radicalidade e extrema densidade. Cultivada inconscientemente, confere à existência sentido de gravidade, leveza e profundidade. A mística sempre nos leva a suspeitarmos que, por trás das estruturas do real, não há o absurdo e o abismo que nos metem medo, mas vigem a ternura, acolhida, o mistério amoroso que se comunica como alegria de viver, sentido de trabalhar e sonho benfazejo de um universo de coisas e pessoas confraternizadas entre si e ancoradas fortemente no coração de Deus, que é Pai e Mãe de infinita bondade”.
A mística vem do coração, não da razão. É por esse motivo que o mundo construído a partir da razão, que teve na filosofia de Descartes e na Física de Newton seus pilares, não deu certo. Ao contrário, mergulhou a humanidade na maior das crises de toda a sua história — a chamada “crise da racionalidade”, acompanhada de manifestações fenomenológicas de caráter massivo, tais como: vazio, solidão, medo, ansiedade, agressividade sem objetivos, insatisfação generalizada. Nitiren Daishonin, o Buda Original, muito antes e bem distante desta civilização materialista, hedonista e consumista na qual vivemos já afirmava que “o que importa é o coração”.

Religião

Carl Gustav Jung entendia a religião como uma atitude do espírito humano. Para ele, tal atitude é responsável por levar o ser humano à consideração e à observação cuidadosa de alguns fatores dinâmicos, como espíritos, demônios, deuses, leis, idéias, ideais. Afirmava que “o termo ‘religião’ designa a atitude particular de uma consciência transformada pela experiência do numinoso”, ou seja, inspirado ou influenciado pelas qualidades transcendentais do divino.
Como mestre da psicologia do profundo, Jung atribuía considerável relevância à religião no processo de individuação dos seres humanos à medida que trabalha grandes sonhos e projeta grandes esperanças. Dizia que a religião está na raiz da mística e da espiritualidade. Sobre religião e espiritualidade, Daisaku Ikeda, comentando a fala do narrador e principal personagem de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, diz: “Confesso que fiquei muito impressionado quando me deparei com a afirmação do jovem jagunço Riobaldo, numa trégua de suas lutas no sertão do Brasil: ‘Eu queria formar uma cidade da religião. Lá nos confins do Chapadão, nas pontas do Urucuia’. Jamais esquecerei a perturbadora emoção que senti diante desta enérgica expressão, de sonoridade cósmica. Em que lugar do mundo a religião se manifesta de forma tão vigorosamente viva? Reconheçamos que, neste fim de século, as religiões já não têm a mesma força de outrora. Encontram-se enfraquecidas pela torrente da secularização. Estão perdendo a espiritualidade, escondida no íntimo envergonhado das pessoas. Atravessam altos e baixos efêmeros com seus ensinamentos duvidosos. Muitas práticas confundem-se com o ocultismo, ou funcionam como gêiser, cuja energia explode inesperadamente, gerando conflitos sangrentos. A imagem que atualmente se tem da religião é, na maioria das vezes, negativa. Sendo raros os casos, como o de Riobaldo, em que a religião é abraçada como fonte da esperança”.









A espiritualidade que veio da África

Para muitos, cinco milhões de homens e mulheres escravizados vieram da África para o Brasil. Outras estatísticas dão conta de mais de três milhões de negros que foram transportados escravizados da Nigéria, Daomé (atual Benin), Angola, Congo e Moçambique, para o nosso país, nos séculos XVI e XIX. O Brasil foi o segundo maior importador de escravos do Novo Mundo.
Foram milhões de famílias desagregadas, dispersas à força, com seus membros, pais, filhos, maridos, mulheres espalhados pelas mais diversas localidades do Brasil.
A política da colonização portuguesa de dividir para governar levava os portugueses a separar os escravos em diferentes nações. Mesmo assim, muitos conseguiram manter alguns laços com sua herança étnica. Embora sejam várias as denominações religiosas afro-brasileiras, conforme vimos, o candomblé e a umbanda são consideradas as mais representativas.
O candomblé, hoje, tornou-se religião universal, reafricanizada, ou seja, libertou-se do sincretismo e decretou o seu retorno às verdadeiras origens africanas.
Já a umbanda, ao contrário, fundada, em meados de 1920, para ser uma religião brasileira, reuniu elementos do candomblé, do catolicismo e do espiritismo kardecista, na tentativa de “branquear” a tradição religiosa africana.
É relativamente recente o fenômeno do aparecimento das religiões afro-brasileiras. Isso porque os negros eram proibidos de praticar outra religião a não ser o catolicismo. O primeiro terreiro de candomblé no Brasil surgiu na Bahia, por volta de 1830.
A periferia urbana brasileira, onde os escravos tinham maior liberdade de movimento, organizando-se em nações, foi o local em que apareceram as novas religiões. Então, espalharam-se por todo o Brasil, tomando diversos nomes: catimbó, tambor-de-mina, xangô, candomblé, macumba, batuque e outros.

O sagrado, a natureza e a cultura oral


Assim como na Grécia antiga, religião, arte, trabalho não se separam na cultura africana. Tudo se funde em um todo integrado que é a vida da tribo.
O sagrado africano descreve a profunda ligação entre o homem e o Cosmo, cuja base é material e concreta. Nota-se que a relação dos africanos com o sagrado se dá em articulação com a natureza e seus elementos (terra, ar, fogo e água). Para expressarem suas dificuldades cotidianas ou milenares, os africanos estabelecem comunicação com os astros, com a flora e com a fauna circundantes. O calendário espiritual é organizado de acordo com as estações da natureza, que delimitam o calendário agrícola e a vida das tribos. Por conseqüência, o espaço natural transforma-se, circunstancialmente, em ritual.

As religiões afro-brasileiras são portadoras de vasta visão de mundo representada pela própria descrição dos orixás.

No candomblé, a vida é celebrada nas cerimônias anuais, dedicadas a cada orixá; nos rituais de iniciação, de nascimento, casamento e nos ritos fúnebres. Aliás, as cerimônias fúnebres têm lugar especial; vinculam-se ao próprio equilíbrio da vida. Acredita-se, no candomblé, que a morte seja como um momento de transformação da vida, não sua extinção. O corpo, após a morte, se reintegra ao Universo, e o espírito continua a revigorar o grupo e o sistema.
Em relação ao sacrifício, como oferenda, ocorre para conservar o equilíbrio entre o plano visível e o invisível, garantindo o fluxo da vida. Muitas vezes, o sacrifício é para aplacar as divindades ou para se proteger dos inimigos. Oferecem-se animais domésticos na crença de que os órgãos internos destes animais possuem forças especiais. O sangue é oferecido como dádiva agradável à divindade.
O círculo que se estabelece entre o adepto, o sacrifício e o orixá visa principalmente a transmitir e revigorar o axé. Oferecendo a vida ao orixá, é o próprio ser humano que permanece revigorado. A vida circula reforçando-se e assegurando, a quem oferece, a realização do ciclo vital, até o alcance da harmonia eterna.

O nascimento dos orixás

Em uma das suas principais obras, o professor e pai-de-santo José Ribeiro assim descreve como nasceram os orixás: “Do consórcio de Obatalá (céu) e Odudua (terra), nasceram os deuses orixás — Aganju, considerado como a rocha; e Iemanjá, representando as águas. Do conúbio (casamento) de ambos, originou-se o orixá Orugã, intermediário entre o céu e a terra. Na ausência de Aganju, Orugã rapta e viola Iemanjá. Esta, aflita e entregue ao desespero, foge à perseguição do filho, e, na alucinação da fuga, tomba morta, nascendo-lhe dos enormes seios, ‘duas correntes d’água, que, reunidas mais adiante, formam ‘um grande lago’. De seu ventre desmensurado, provieram os seguintes orixás: Dadá (deusa ou orixá dos vegetais); Xangô (deus do trovão); Ogum (deus do ferro e da guerra); Olokum (deus do mar); Oloxá (deusa dos lagos); Oiá ou Iansã (deusa do rio Niger); Oxum (deusa do mesmo rio); Obá (deusa do rio Obá); Okô (deus da agricultura); Oxóssi (deus dos caçadores); Okê (deus das montanhas); Ajé-Xalugá e Ochambin (deuses da saúde); Xapanã (deus da varíola); Orum (o Sol) e Oxu (a Lua)”.


O axé

O axé ou ixé é o objeto consagrado que tem força espiritual.
Quando, por exemplo, termina a iniciação de um filho-de-santo, para provar sua força espiritual, coloca-se um copo d’água na mão, sacudindo-o; a água fica impregnada de influências benéficas, curativas. É o axé.
Os axés são também os amacis, preparados com as ervas dos orixás, destinadas a diversos fins.

O transe na religiosidade afro-brasileira

O transe é um estado psicofisiológico parecido com o sono, caracterizado pela diminuição ou ausência de percepção conscientizável e de resposta aos estímulos do meio ambiente. No transe, a atividade voluntária é substituída por comportamentos automáticos.
O transe é uma característica central das místicas das tradições religiosas da África Ocidental Iorubá, Fon etc., que mais marcaram a religiosidade afro-brasileira. É a tomada do corpo pelo santo (orixá). Há uma enorme variedade de formas de transe, e o adepto vai introjetando os vários modos de relação com os orixás e voduns ao longo de sua vida, de acordo com os graus de iniciação por que passa.
No transe, o Outro se enuncia em primeira pessoa e sua natureza semiótica não exclui sua dimensão psíquica; ao contrário, a inclui. Um fator muito interessante, que pode ocorrer simultaneamente, é a presença dos sonhos e visões, aceitas, num contexto geral, como mensagens, ou outras formas de contato com os deuses. Em termos científicos, o transe tem se tornado matéria de estudo para a psicanálise, a metapsicologia, a psicologia social psicanalítica e outras.

O “branqueamento” das religiões afro-brasileiras

No final do século XIX, surge no Brasil, proveniente da França, o espiritismo de Alan Kardec. Uma fusão entre a visão cármica do mundo, de origem hindu e preceitos cristãos, acrescido de conceitos racionalistas do século XIX. Esta nova religião imediatamente se firmou no Brasil, tornando-se, no início, uma religião de classe média, embora freqüentada também por pobres e por negros.
A presença dos negros nos centros espíritas do Rio de Janeiro representava, ao mesmo tempo, a presença de tradições do candomblé. Era fator motivador de grandes polêmicas e conflitos nas casas espíritas; isso devido ao modelo de religião ser europeu, o que correspondia à ausência de elementos da religiosidade africana.
Essa situação de conflito abriu campo, em meados de 1920, a uma nova religião: a umbanda. Podia-se entendê-la como a fusão entre espiritismo kardecista, catolicismo, candomblé, além de outros elementos nacionais, como os caboclos e pretos velhos, espíritos de índios e de negros.
A umbanda, por um lado, buscou apagar os traços da cultura africana, presentes em sua formação. Tomou como modelo o kardecismo e procurou expressar ideais e valores da nova sociedade capitalista e republicana. Muitas foram as modificações: a língua vernácula foi adotada; a iniciação, simplificada; e os sacrifícios de sangue, quase totalmente eliminados. Por outro lado, além de manter os ritos cantados e dançados do candomblé, a umbanda seguiu com a idéia dele. Ou seja, com o juízo de que a experiência neste mundo implica a obrigação de gozá-lo, o pensamento de que a realização do homem se expressa por meio da felicidade terrena que ele deve conquistar, questionando, dessa forma, a noção kardecista da evolução cármica (o que somos hoje depende de como agimos numa vida passada).
Colocando-se como uma religião capaz de oferecer um instrumento a mais para apoiar seus adeptos no esforço em mudar as circunstâncias a seu favor, a umbanda oferece a manipulação do mundo pela via ritual. Foi graças à umbanda que as grandes cidades do Sudeste do Brasil conheceram o despacho a Exu, oferenda depositada nas encruzilhadas.

A espiritualidade budista: semelhanças e divergências

Para definir a espiritualidade budista, o professor e doutor Leonardo Boff descreve as diferenças entre os caminhos de espiritualidade ocidental afirmando: “O Oriente fez outro caminho, de certa forma mais grandioso que o nosso, porque mais ancestral e englobante. A primeira experiência que a pessoa, o monge, o professante de um caminho espiritual do Oriente faz é o da totalidade; vale dizer, da unidade da realidade. As coisas não estão colocadas umas ao lado das outras, em justaposição, mas são todas sinfônicas, interligadas. Há uma grande unidade, mas uma unidade complexa, feita de muitos níveis, de muitos seres diferentes, todos eles ligados e religados entre si, num profundo e intenso dinamismo.
Quando o mestre Iogue pergunta: “Quem és tu?”, ele aponta o Universo e responde: “Tu és tudo isso, nós somos toda essa realidade, somos parte e parcela do todo, somos o todo”.15
“Enquanto o caminho espiritual do Oriente busca a interioridade do ser humano, nosso caminho ocidental busca a exterioridade. Um é o caminho para fora, para a conquista do espaço exterior, alcançando os últimos limites, demandando o infinito do céu acima de nossa cabeça. O outro é o caminho para dentro, pelos meandros de nossos desejos, pela profundidade de nossas intenções, rumo ao próprio coração.”
Podemos assim dizer que existem grandes diferenças da espiritualidade budista em relação à afro-brasileira. A começar, sob o ponto de vista do budismo, pela negação da dualidade corpo-espírito e da existência, em separado, do bem e do mal. Outra relevante distinção é a presença de mediações (orixás) que se põem entre as pessoas e a divindade suprema Olorum. Destaca-se também a presença do transe, fato que não ocorre no budismo.
Por outro lado, a concepção do “eu”, a visão da subjetividade, de acordo com o budismo, é bastante parecida com a visão dos africanos. Na espiritualidade budista, o “eu” é sacralizado, ou seja, é a pessoa que possui, como natureza última, sua fonte originária, a natureza de Buda; ela é sagrada, em si mesma, não importando a condição de vida ou os estados de consciência em que se encontre. E, ainda, tal sacralização é estendida a todo o Cosmo. O “eu” possui, ainda, natureza interdependente. Não se constitui de essência própria, inerente a si mesmo.
O africano é um “ser com” e “vive com”. Fora da comunidade, sente-se isolado, ameaçado, desamparado e perdido. Encontra sua força vital, seu sentido, seu potencial de ser enquanto se encontra unido a outros, visíveis e invisíveis. Fora da dimensão relacional, só existe confusão e morte. Daí, os princípios éticos dos africanos estarem enraizados em conceitos-chave como vida, solidariedade clânica, força e harmonia.
Outras semelhanças existem entre as tradições afro e o budismo. A maior delas é a visão de mundo profundamente ecológica dos caminhos afro de espiritualidade. Basta observar o nascimento dos orixás. Como está presente a natureza, o Cosmo!
Inclui-se, neste item, a sacralidade da natureza e do Cosmo como uma convergência com a espiritualidade budista.
O próprio axé, energia cósmica que penetra todo o Universo, concentrando-se no ser humano, pode ser associado ao Myoho-rengue-kyo. Esta é a Lei Mística, energia suprema, fonte originária de tudo; a tudo permeia e impregna; está presente não apenas nos seres humanos mas até nas unidades subatômicas do Universo.
Outra semelhança entre os dois caminhos de espiritualidade, aqui postos em paralelo, é a relação mestre e discípulo. Tanto na relação entre o santo de cabeça e seu filho, cuja descrição é parecida com a relação mestre e discípulo do 7º capítulo do Sutra de Lótus, “Parábola da Cidade Imginária, como na relação de ternura, carinho, amizade, proteção e cuidado que os pais-de-santo empreendem com seus filhos e filhas. Aliás, este é dos aspectos mais belos do candomblé e é esta relação que, em nossa comunidade religiosa, cada dirigente deve manter com seus membros. Uma relação horizontal, de ternura, cuidado, carinho; acima de tudo, de compaixão.
O presidente Ikeda, ao falar sobre a imperiosa necessidade de sabermos transcender as diferenças em realidades da vida diária, o que significa “atingirmos um estado no qual não somos mais presos nem constrangidos por nossa consciência da diferença”, afirma: “Nitiren considera que a essência real da vida ‘não pode ser queimada pelas chamas no fim de um kalpa, nem arrastada pelas inundações nem cortadas por espadas nem perfurada por flechas. Ela cabe numa semente de mostarda e, embora a semente de mostarda não possa se expandir, não há necessidade de a vida encolher. Ela enche todo o Universo. O Cosmo não é tão vasto nem a vida tão pequena para caber dentro dele’”.
Comentando a passagem citada dos escritos de Nitiren Daishonin, explica: “O que é descrito aqui é um estado de vida perfeitamente claro, translúcido, indestrutível e luminoso”.
Pode-se descrever a espiritualidade budista como o permanente esforço para compreender que todos os seres, sem exceção, são budas; compreensão esta que permite a transformação no estado fundamental da vida da pessoa.
Nesse sentido, a fé não pode ser apenas um sentimento da alma humana. É a entrada do homem na realidade, “na realidade inteira, sem cortes nem abreviações”.
Na carta “Sobre atingir o estado de Buda nesta existência”, consta: “A vida, em cada momento, permeia todo o mundo fenomenal e é revelada em todos os fenômenos”.

É com esse sentimento do encontro, do mergulho na totalidade do real, o olhar da fé, que devemos lançar nosso olhar sobre as religiões afro-brasileiras. Temos de vê-las em sua integralidade, sem cortes, sem abreviações. Assim, veremos serem estas tradições fenômenos constitutivos da realidade, portanto, permeadas pela vida, conseqüentemente, prenhes do Myoho-rengue-kyo. Julgá-las utilizando categorias inerentes a outras culturas, como faz o olhar do imperialismo cultural, é alimentar a cultura de guerra em vez de construir a paz...

Nascemos para manisfestar a grandeza do Universo...

"Nosso medo mais profundo não é o de sermos inadequados. Nosso medo mais profundo é de sermos poderosos além de qualquer medida. É a nossa luz, não as nossas trevas, o que mais nos apavora.

Nós nos perguntamos: "Quem sou eu para ser brilhante, maravilhoso, talentoso e fabuloso?"  Na realidade, quem é você para não ser?

Você é filho do Universo e se fazer pequeno não ajuda o mundo.

Não há nada de iluminado em se encolher, para que os outros não se sintam inseguros quando estão perto de você.
Nascemos para manifestar a grandeza do Universo que está dentro de nós.
Não está apenas em um de nós: está em todos nós.

E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo.!

E conforme nos libertamos do nosso medo, nossa presença, automaticamente, libera os outros.

ESPERANÇA
Esperança não é acreditar que vai dar certo, é acreditar que vale a pena!"

Parece até que ele era BUDISTA!

Esperando um sim ou nunca mais...

Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu
Fico desejando nós, gastando o mar
Pôr-do-sol, postal, mais ninguém

Peço tanto a Deus
Para lhe esquecer
Mas só de pedir me lembro
Minha linda flor
Meu jasmim será
Meus melhores beijos serão seus

Sinto que você é ligado a mim
Sempre que estou indo, volto atrás
Estou entregue a ponto de estar sempre só
Esperando um sim ou nunca mais...

É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você...
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer



Sinto absoluto o dom de existir
Não há solidão, nem pena
Nessa doação, milagres do amor
Sinto uma extensão divina

É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer...

Quero dançar com você
Dançar com você
Quero dançar com você
Dançar com você!

Nossas vidas vão seguir, eu sei...

Me transformo em luar
Pra saber dos seus pensamentos na beira do mar

Eu não penso em mais ninguém
O teu beijo fica comigo e me faz seu refém

Nossas vidas vão seguir, eu sei...


Já desisti de pensar
Mas não consigo esquecer
Eu sem você já não há
É o que o amor quer dizer...

Você é quem escolhe...

"Não existe nada que você seja obrigado a fazer!
Todas as suas ações são diretas ou indiretamente a que você escolhe. As pessoas, coisas e situações que formam sua vida são todas resultados de suas escolhas.

Sabendo disso, por que ter ressentimentos com relação a elas, atribuindo-lhes a culpa por tudo que ocorre em sua vida?
As escolhas que você fez, trouxeram-no para onde você está hoje.
Mas as escolhas que você fizer a partir de agora poderão levá-lo para outro lugar, para onde você quer ir.

Embora possa sentir-se preso e sem forças, essa não é a verdadeira situação. Você pode escolher superar os obstáculos. Você pode escolher seguir seu sonho.

Não há como escapar. Alguma decisão você terá que tomar. Essas decisões determinarão seu futuro.
Tudo o que você tem, tudo que você faz, tudo aquilo em que você mesmo se transforma é o resultado de suas escolhas.

Você tem o poder de decidir a direção de sua vida. Com você vai usar esse poder? Qual será sua escolha neste exato instante."

É, bem isso, como eu escrevi outro dia -- } Cada um sabe o que faz para estar onde ESCOLHEU...

.muito estranho.

Hum! Mas se um dia eu chegar muito estranho
Deixa essa água no corpo lembrar nosso banho

Hum! Mas se um dia eu chegar muito louco
Deixa essa noite saber que um dia foi pouco

Cuida bem de mim
Então misture tudo dentro de nós
Porque ninguém vai dormir... nosso sonho

Intervalo vira oportunidade!


Sejamos realistas...

Não existe falta de tempo, existe a falta de interesse.

Porque quando a gente quer,
madrugada vira dia.

Quarta-feira vira sábado.

Intervalo vira oportunidade!

Somos todos artistas (...) mas, esquecemos de sê - lo!



“Toda criança é artista. O problema é como permanecer 
artista depois de crescer”.

Sem vontade de criar (...) pois o coração não ama ninguém!

O corpo está esmorecido... Minha mente quer acreditar que estou fazendo algo de útil...
Sinceramente a única vontade que me deu hoje era de levantar logo da cama, e promover atividades que eu não precisasse pensar muito... mas não me deixasse parada!
Comer as mesmas coisas, limpar a mesa, guardar a louça, lavar a louça, fazer o almoço, mas tudo de forma totalmente mecanizada... Não quero pensar! Não quero criar!
Ouço uma música alta, para também não deixar que o silêncio se aposse da minha mente em pensamentos... Não que tenha adiantado muito... Já estou aqui escrevendo e tentando botar pra fora... Desgostosa com algumas atitudes de pessoas... e é normalmente assim, aquelas pessoas com quem você mais tem se importado... Sem vontade criar... sem vontade de pensar... Vontade de esquecer um pouco... o corpo esmorecido... as lágrimas da mente... pois o coração não ama ninguém, isso é pura ilusão!

*19.05.14 - segunda-feira após "virada" de trabalhos...

Borbofose!

(...)


NADA existe


 de PERMANENTE 


a NÃO ser 


a MUDANÇA!

Cada um sabe o que passa pra poder estar onde está!

As vezes acho que sou louca... (delicadeza desnecessária)

Quase sempre tenho certeza que sou veemente louca!

Cada um de nós sabe o sacrifício que temos para estar onde estamos, para escolher o que escolhemos, e continuar percorrendo caminhos que por vezes é tão obscuro.

Obscuro porque não é claro, não é claro porque é profundo, é profundo porque é de dentro, de dentro porque é escondido, é escondido porque é obscuro...

E numa simples caminhada... (delicadeza desnecessária)

Numa corrida contra o tempo, e numa força de resistência, após um dia inteiro exaustivo, numa ida pra casa de 1 hora, carregando uma mala de no mínimo 8 quilos... é que me veio essas reflexões...

Cada um sabe tudo o que passa pra poder estar onde está!

Não, eu não ando mais de duas horas por dia para ir para um lugar com estrutura mais ou menos, contratos mais ou menos, livre mais ou menos...

Madame Blavskski!

"(...) a religiosidade tem que levar ao homem ao autoconhecimento."

Quem sabe eu esteja no caminho... O que é estado de Buda...?! (...) alguém que olhou para dentro!


mas... você está feliz?


O que é felicidade?

- É aquilo que nasce quando
o homem produz a harmonia dentro de si...




Métron da ARTE!

Como fazer o público não estudante de teatro se aproximar?

Como dialogar?

Como manter o equilíbrio do superficial X profundo?

Se fazer entender e não ligar o FODA-SE!

Qual a DOSE?

Metrum...

*Aula Marcelo - CLAC